Ovos


Porque recusar os ovos...

A ética
Se o comer galinhas e frangos claramente consiste no fato de assassinar animais, comer ovos não é condenável em si. Que ele seja fecundado ou não, o ôvo evidentemente não sente nada.
Por outro lado, o ôvo é um produto oriundo da exploração de um animal, ou seja, de uma galinha que, assim como nós, animais humanos, é sensível á dor. Nós não temos então o direito, assim como em relação a uma pessoa humana, de dispor de seu corpo –um corpo que sente sofrimento e prazer- nós não temos, moralmente, o direito de matar este ser. Suas condições de existência e sua vida possuem uma importância capital para si.

As condições
Apresentaremos brevemente, em ordem de intensidade de crueldade, os 3 tipos de exploração animal de onde se originam os ovos que estão á venda no comércio. Em primeiro lugar, no que podemos classificar como sendo o sumo da barbárie, se encontram os aviários em ‘batterie’ (criação intensiva): 0,045 m2 de espaço vital para cada galinha. Este tipo de criadouros representa por sí só cerca de 93% da produção total de ovos. O resto da produção “ ao ar livre” outorga 2,5 m2 para cada galinha. Em ínfima proporção encontramos os criadouros ‘libre parcours’ (percurso livre): 10m2 por galinha.

Os Aviários de criação intensiva

Estas produções intensivas são verdadeiras usinas de sofrimento e de morte. As galinhas vivem amontoadas em gaiolas de ferro inclinadas para facilitar que os ovos escorreguem para o exterior. O espaço que as galinhas possuem durante toda sua vida não ultrapassam 450 cm2 (ou seja, o equivalente de uma folha A4). Dezenas de milhares de galinhas vivem assim em galpões iluminados artificialmente dia e noite, elas nunca verão o sol, nem conhecerão o repouso de uma noite escura e calma.
A superpopulação, a barulheira e a luz perpétua levam estes animais a se atacarem entre si, a se auto-mutilarem, levando-os até ao canibalismo. Para limitar as vítimas, os produtores atrofiam bicos e unhas com ferro quente, sendo que esta prática mata muitas galinhas antes de estas atingirem a idade adulta, após longas agonias.
Todos os machucados e a sujeira ambiente (as gaiolas são limpas apenas uma vez a cada dois anos) provocam infecções e doenças, o que obriga os produtores a colocarem substâncias químicas na ração animal. Os mais modernos aviários reciclam os excrementos das galinhas a fim de misturá-los aos alimentos novos. A única atividade das galinhas é comer...
Cada dia, centenas de cadáveres são retirados destes pútridos galpões onde os produtores entram somente com roupas especiais e inteiramente mascarados. Em tais condições, as galinhas não conseguem manter um alto rítimo de produção durante muitos meses. Quando se tornam menos rentáveis, elas sáo abatidas na idade de 18 meses (notemos que seu potencial de vida é de 10 anos) sem ter podido uma só vez ter visto o céu ou caminhar pelo solo do planeta.

A criação ao ar livre
Contrariamente ao que poderíamos pensar, este tipo de criação não é mais alegre... qualquer que seja o tipo de criação, nada muda quanto ao destino do animal. Nas criações ditas “bio” (biológicas) é a saúde do ser humano que é levada em conta. O acesso entre o galpão e o exterior é permitido ás galinhas durante 3 horas por dia; elas têm a possibilidade de andar um pouco em um estreito corredor gradeado. Neste tipo de aviário elas também não verão nem um pedaçinho de grama ou de vegetação. Os produtores, por lhes ‘permitirem’ andar um pouco têm o direito de chamarem estes animais de ‘galinhas felizes” e podem usar nas embalagens desses ovos uma foto, por exemplo, de uma bela galinha ciscando sozinha em um imenso campo verde!

A criação em livre percurso
Este tipo de criação é o menos “cruel” e benefico do que o “sistema extensivo de criação”; ao contrário dos sistemas precedentes, que são denominados como sistemas de criação intensiva. Esta dualidade de sistemas existe também quanto á criação de vacas leiteiras e de bezerros para carne.
A regulamentação européia obriga normalmente o acesso contínuo a um terreno vasto, recoberto , pelo menos em parte, por uma vegetação. O único problema (!) é que todo tipo de criação animal os utiliza como vulgares mercadorias, como simples objetos. E, assim como nos criadouros intensivos ou ao ar livre, é obrigatório que se eliminem os animais pouco ou não produtivos.

A conclusão

Eis porque nós recusamos consumir ovos. Ainda devemos ressaltear que nenhum alimento de origem animal é indispensável á nossa nutrição. Bem ao contrário, diversas doenças são causadas por este consumo. Pelas mesmas razões nós recusamos a carne, o couro, o leite das vacas e todas as formas de exploração animal. Nós levamos em consideração os interesses dos animais em função do que eles são: indivíduos sensíveis (á dor).
Percebemos rápidamente que nossa alimentação, assim como outras práticas ultrapassam nossos interesses pessoais. Por essa razão, nossa responsabilidade face ao massacre e ao sofrimento animal é total.
Fontes: Que sais-je? n°374 : l'animal dans les pratiques de consommation, Alliance Végétarienne, PMAF vidéo e reportagens diversas

O problema dos ovos

Poucas fazendas hoje em dia são igual àquela imagem que se tem das fazendas antigas: um lugar aprazível, tranquilo, com uma manada de galinhas cercadas de pintinhos ciscando, supervisionados pelo galo empoleirado no alto do celeiro. 
Essa imagem não tem mais nada de real. As fazendas que abastecem as grandes cidades não são mais controladas por pessoas simples do interior. 
Fazenda agora é um grande negócio. Os métodos de linha de montagem e a entrada de grandes empresas transformaram o campo em "agribusiness". Os pequenos produtores têm que adotar os mesmos métodos que as grandes empresas ou então fecham seu negócio. 
O "agribusiness" é uma atividade competitiva em que não há mais lugar para sentimentos ou integração com plantas, animais e com a natureza. Os métodos adotados cortam custos e aumentam a produção. Animais são tratados como máquinas que convertem rações baratas em carne, ovos e leite mais caros. 
Sob esses métodos, os animais vivem vidas miseráveis do nascimento ao abate. As galinhas têm a má sorte de servirem aos humanos de duas maneiras: pela sua carne e pelos seus ovos. 
O grau de confinamento ao qual a galinha poedeira está sujeita é extremamente alto e impõe severas restrições ao seu comportamento normal. Normalmente, são usadas gaiolas contendo 2 ou 3 aves medem de 30 a 35 centímetros de largura por 43 de comprimento (menos que uma página de jornal aberta). 
Sob tais condições, as aves não podem esticar suas asas, nem se mover sem esfregarem-se umas nas outras ou se levantar totalmente no fundo da gaiola (o chão da gaiola é inclinado para o ovo rolar em direção à calha coletora). Grande parte do padrão de comportamento normal é frustrado pelo engaiolamento. O comportamento de acasalamento, incubação e cuidado com os pintinhos é impedido e a única compulsão reprodutiva permitida é o pôr dos ovos. Elas não podem voar, ciscar, se empoleirar nem andar livremente. É difícil para a galinha, limpar suas penas e é impossível se "sujar" com terra. [Brambell Report] 
Quando os produtores, a fim de aumentar os lucros, decidem aumentar o número de galinhas por gaiola, as galinhas ficam extremamente neuróticas, chegando ao canibalismo, mesmo que se aumente o tamanho da gaiola. Entre as galinhas existe uma hierarquia que fica impossível estabelecer com tão grande quantidade de galinhas em um espaço mínimo. 
Em alguns casos, o número de galinhas chega a 9 galinhas por gaiola. 
Devido ao estresse que as galinhas enfrentam, elas disputam a hierarquia entre si à bicadas. Isso causa prejuízo aos avicultores, e é a principal motivação para o corte da ponta dos bicos das aves feita com uma lâmina aquecida. Essa lâmina é aplicada na ponta do bico das aves, por onde correm vasos sanguíneos, causando dor intensa. O desbicamento é feito duas vezes na vida de uma galinha: logo após o nascimento e logo antes da época de pôr os ovos. 
Para poupar em salários, não há funcionários dedicados a cuidar das aves que adoecem. 
O chão das gaiolas é de arame, o que facilita a limpeza das vezes que caem por entre as grades e se acumulam no chão durante meses (causando um cheiro insuportável), mas causa desconforto durante toda a vida da galinha. É comum os criadores - quando se incomodam de averiguar - detectarem algumas galinhas cuja pele do pé cresceu em volta da grade, mantendo-as presas.
Quando a produção de ovos declina, o avicultor tem duas alternativas: ou vende o lote para o abate, ou força a perda de penas sazonal. A perda de penas sazonal é um processo fisiológico natural, onde as penas das galinhas caem e penas novas crescem no lugar. Depois da renovação das penas, as galinhas tendem a pôr ovos com maior frequência. 
O avicultor provoca essa reação fisiológica de maneira artificial, por meio de um choque biológico: por dois dias, as galinhas não terão nem água, nem alimento. Ao mesmo tempo, a iluminação, que costuma ficar ligada 17 horas por dia para estimular a produção, 
é cortada abruptamente para 4 horas por dia. Depois dos dois dias, a água é restaurada e o alimento volta no dia seguinte. A luz volta ao normal depois de algumas semanas. As galinhas que sobrevivem ao choque - muitas morrem - são mantidas em produção por mais 6 meses. 
Em alguns casos, as galinhas "gastas" não têm direito nem à última refeição. Para economizar em ração, o avicultor suspende o alimento 30 horas antes do abate, já que o abatedouro não paga pelo alimento que fica no aparelho digestivo.